Mulheres de 22 municípios do interior sergipano estão tecendo uma nova realidade: através da costura e do bordado, elas vencem o desemprego, a ociosidade e dinamizam a economia local. Os projetos de criação de pequenas fábricas de confecções e bordados surgiram das próprias costureiras, que receberam o apoio do governo do Estado através da Empresa de Desenvolvimento Sustentável do Estado de Sergipe (Pronese). Foram investidos R$ 2 milhões na aquisição de máquinas para indústria de bordados, construção de mini-indústria de confecção e centro de artesanato. A atividade gera emprego e renda para mais de 1300 famílias.
Os Centros de Artesanatos estão inseridos no Projeto de Combate à Pobreza Rural (Prosperar), que por meio de uma parceria entre o Governo Estadual e o Banco Mundial fomentam a geração de emprego e renda nos municípios. Segundo o diretor presidente da Pronese, Manoel Hora Batista, as iniciativas produtivas estão nos municípios de Itabaianinha e Cristinápolis onde as mulheres reunidas em associações já estão se beneficiando.
“Esta oportunidade de trabalho está valorizando e capacitando a mão de obra feminina, gerando uma nova expectativa de mudanças para chefes de família e transformando a economia dos municípios em pólos de confecção têxtil, explicou o presidente da Pronese”.
Pólo de confecção em Itabaianinha
O presidente do Conselho Municipal de Desenvolvimento Sustentável do município de Itabaianinha – Condem, Lourival Ribeiro da Costa, comentou sobre o sucesso que tem sido a parceria entre as associações comunitárias com o Governo do Estado, através da Pronese e a prefeitura local.
“Vários projetos foram solicitados para melhorar a qualidade de vida dos povoados, sendo que os projetos de confecção são os mais bem sucedidos e já é uma realidade que fortalece o Pólo de Confecção de Itabaianinha, uma marca na economia do município que recebeu recursos para execução da mini-indústria de costura nos povoados Periquito, Monte Alegre e Travessão”, disse.
Nilma Silva Santos, Presidente da Associação de Desenvolvimento Comunitário do Povoado Periquito, também aprova a iniciativa. “Nós costureiras estamos satisfeitas e com esperança na nossa mini-indústria de costura e bordados. Aqui trabalhamos animadas e na expectativa de melhorar a nossa qualidade de vida. Antes, as mulheres do povoado não tinham oportunidade de emprego, agora estamos ocupando o nosso tempo e tendo uma renda para ajudar nas despesas de casa. Produzimos cobertores, cortinas, conjuntos de cozinha e banheiro, vestimenta para festas juninas, roupas masculina e feminina, colchas bordadas com apliques. Vendemos nossas confecções nas feiras e por encomenda. Cada costureira ganha, no mínimo, um salário que significa investimentos nas nossas vidas de trabalhadoras e queremos dar mais oportunidades para que outras mulheres venham trabalhar na confecção”.
Confecção e bordados em Cristinápolis
Geane Cristina de Oliveira, líder comunitária e membro fundadora da Associação de Artesanato do município de Cristinápolis, comenta que, “em 2003 um grupo de mulheres resolveu se reunir e colocar em prática o da comunidade: buscar ocupação profissional para as mulheres e também melhorar a autoestima, trazendo qualidade de vida para as famílias e desenvolvimento para o povoado. Nós da associação nos organizamos e fomos participar de reunião do Condem (Conselho de Desenvolvimento Municipal). Levamos a ideia do nosso projeto criando e preservando a nossa arte e chegamos até a Pronese. Foi feita uma análise da demanda e da realidade da comunidade pelos técnicos do governo e, com o projeto aprovado, foram liberados os recursos no valor de R$ 42.494,69. Com este dinheiro compramos 13 máquinas, equipamentos, mobiliários e matéria prima (tecidos e linhas)”.
“As costureiras também multiplicam o conhecimento. Elas realizam oficina de fuxico para 100 mulheres na escola técnica, por meio do ‘Projeto Mulher Mil’, com aulas duas vezes por semana e também estamos com o projeto ‘Costurando com carinho temos renda familiar”, afirma.
Ednalva Oliveira Gomes, facilitadora entre os empreendimentos das associações e os órgãos públicos da prefeitura diz, “fui contratada pela prefeitura de Cristinápolis como agente de desenvolvimento e economia solidária e faço contato com as associações, com os órgãos públicos e levo a idéia de que tipo de produto a associação pode fornecer. A exemplo de como funciona a Associação Cristinapolitana de Artesanato, onde temos 15 costureiras que trabalham duas vezes por semana e quando temos encomendas, elas trabalham todos os dias. Entre maio e junho é uma época boa para as costureiras, as encomendas crescem com os vestidos de quadrilha e os trajes para os sanfoneiros encomendados pela prefeitura, escolas e particulares”.
Ações
A inclusão social e o resgate da identidade sergipana estão presentes em outras ações do Governo do Estado executadas pela Pronese. Em Nossa Senhora das Dores, a Empresa de Desenvolvimento Sustentável de Sergipe apoia o Projeto Música no Campo, que permite a inclusão sociocultural e o desenvolvimento das comunidades rurais do município com 70 famílias. O projeto é executado pela ONG Cultivar, naquele município, e recebeu o investimento de R$R$ 80.453,83 para a compra de instrumentos musicais e construção da escola de música no povoado Gado Bravo Sul. Já em Poço Redondo, o Recanto Musical do Sertão recebeu R$ 62 mil para compra de instrumentos e equipamentos musicais e formação de equipe de professores.