A prefeitura do Municipal de Carmopolis está sendo acusada de abandonar e queimar uma imagem de Arte-Sacra de mais de 13 anos.
No final do ano de 2012, a prefeitura havia retirado a imagem de “Nossa Senhora do Carmo”, padroeira daquele município, sem nenhuma explicação a população local e si quer ao artista plástico de Sergipe, o aracajuano“Otávio Luiz”. Como não bastasse o desrespeito de “abandono”, a prefeitura ateou fogo na estatua no final do mês de março, deste ano de 2013, com a alegação de que havia uma coméia no interior da imagem.
O fato chocou a todos, e até agora, a prefeita Esmeralda França não foi responsabilizada pelo crime conta um patrimônio cultural religioso.
O site imprensa1 teve acesso às fotos do antes e do depois. ( Logo abaixo, leia a história completa).
Por Jorge Henrique
Um fato que deixou estarrecida a população sergipana ocorreu há três semanas, quando a Prefeitura Municipal de Carmópolis autorizou a retirada do monumento em homenagem à Nossa Senhora do Carmo, padroeira daquele Município, reconhecido pelo jornal Observatório Romano, como a maior imagem na Invocação Carmelitana do mundo e no Brasil, o terceiro monumento, somente perdendo para o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, e o monumento de Padre Cícero, em Juazeiro do Norte, no Ceará.
A imagem estava há 13 anos sobre o Monte Carmelo, o ponto mais da Região, e estrategicamente apresentando uma visibilidade de grande alcance dentro do Município. Após a retirada do monumento ele foi abandonado em um depósito do poder municipal onde, posteriormente, foi completamente queimado, num flagrante desrespeito não apenas ao patrimônio público, mas, e principalmente, a fé das pessoas que habitualmente reverenciavam a Santa.
Outro aspecto que chama a atenção é o desrespeito a autoria, pois se tratava de uma obra de arte, de grande proporção e singularidade, por ser a única no mundo. O artista Otávio Luiz foi informado do fato através de pessoas da própria comunidade de Carmópolis, que mostravam o seu repúdio ao descaso com a obra que era o maior orgulho do povo.
“Quando eu tomei conhecimento do crime praticado contra o direito autoral, emocionalmente está sendo uma grande perda por se tratar da maior obra que realizei em toda minha vida, em 31 anos de carreira. Uma obra de arte tem o valor emocional por se tratar de uma criação em que o artista deposita toda sua energia física e psicológica para realizá-la. Me sinto traído por pessoas que nem sequer tiveram a iniciativa de respeitar a Carta de Veneza que determina a conservação, preservação e restauração de obras de arte”, disse o artista, acrescentando que a sua obra foi retirada do Monte Carmelo como se retira um velho banco de praça.
Do artista Em 1997 o artista plástico Otávio Luiz, que morava em salvador e lecionava na Escola de Belas Artes da UFBA, foi convidado para elaborar e construir um monumento de Arte-Sacra que representasse o amor, o carinho e a devoção a Nossa Senhora do Carmo, padroeira do Município de Carmópolis, Sergipe.
A confecção da obra teve a duração de três anos e meio devido a sua complexidade, até que no ano de 1999 o monumento foi trasladado de Salvador para Carmópolis, após uma grande manifestação do povo baiano, na Paróquia do Divino Espírito Santo, pelo fato da obra ter sido realizada nesse local.
Durante o transporte para Carmópolis, muitos baianos fervorosos acompanharam o cortejo em romaria, que durou 12 horas, tal a magnitude do monumento, que veio dividido em seis partes, para ser montado no Monte Carmelo.
No ano 2000, com a obra devidamente erguida, foi realizada uma procissão, saindo da paróquia da cidade de Carmópolis rumo ao Monte Carmelo, onde foi celebrada uma Missa de Entronização pelo arcebispo de Aracaju, Dom José Palmeira Lessa, que contou com as presenças de diversas autoridades políticas e eclesiásticas.
Da obra A obra em homenagem à Nossa Senhora do Carmo, foi feita em uma escala fiscopública, medindo 25 metros de altura e 5 metros de diâmetro. O monumento preenchia todos os pré-requisitos dentro da iconografia da religião Católica Apostólica Romana e na Invocação Mariana, ou seja, a obra continha as vestes da Ordem dos Carmelitas: túnica, com a sobreposição de tecidos sobre os ombros, denominado “Escapulário”; a Virgem tinha em seus braços a imagem do Menino Jesus, em cujas mãos trazia o escapulário, objeto esse que muitas pessoas utilizam como proteção e devoção a Virgem do Carmo. Dentro da análise histórica, esse monumento foi entronizado no Monte Carmelo por ser uma região onde no século passado os frades Carmelitas portugueses utilizavam como um local de paragem.
O monte, no passado, chamava-se Monte de Massacarás, segundo várias pesquisas de historiadores. Hoje, esse local é reconhecido como um Templo a Céu Aberto, onde a frequência de fieis é constante para agradecer e pedir Graças através da invocação de Nossa Senhora do Carmo do Monte Carmelo.
Analisando esteticamente, o monumento foi elaborado de acordo com as formas adequadas ao movimento dos ventos, ou seja, em forma monolítica e teve calculadas as Zonas Positivas e Negativas para atender uma obra que durante 14 anos sobreviveu a ação do tempo.
A técnica aplicada foi a utilização da fibra de vidro e resina poliéster ortofitálica, que resiste às intempéries, principalmente por se situar próximo ao Oceano Atlântico, onde a maresia tem um poder de alcance de 60 quilômetros.
Otávio Luiz – Artista Plástico sergipano, natural de Aracaju, formado pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia – UFBA; Mestre em Artes Visuais pela UFBA e Doutor em Artes Visuais e Intermídia pela Universidade Politécnica de Valencia, Espanha (Escuela de Bellas Artes de la Facultad San Carlos).
Fotos: Fernando cabral e Alex Carvalho