Os médicos sergipanos não aprovam a ideia do Governo Federal em contratar profissionais de outros países para atender a população brasileira. A proposta foi confirmada pela presidente Dilma Roussef (PT), durante pronunciamento à nação na última sexta-feira, 21. Em entrevista na manhã desta terça-feira, 25, ao Programa Liberdade Sem Censura, da Rádio Liberdade FM, sob o comando de Evenilson Santana, o secretário geral do Conselho Federal de Medicina (CFM), Henrique Batista, afirmou que essa atitude é equivocada.
“Não se resolve a situação da saúde publica simplesmente com médico. Não se faz assistência à saúde só com médicos, mas com condições de trabalho, além disso, é preciso uma equipe multidisciplinar para realizar um melhor atendimento”, frisou. O representante do CFM revelou que a entidade tem estudado formas de evitar que essa importação de profissionais da saúde possa, de fato, se realizar. “Medidas judiciais estão sendo elaboradas denunciando essa tentativa que coloca em risco a população brasileira”, disse.
Além da intervenção através da Justiça, os médicos sergipanos irão participar da manifestação popular que será realizada na tarde de hoje. “Pretendemos reagir, iremos fazer caminhada com os médicos e vamos sair às ruas por mais saúde e mais investimento que, aqui no Brasil é muito aquém”, disse. Segundo ele, na Argentina, são investidos 66% dos recursos do país na Saúde, enquanto que no Brasil, esse índice não passa de 46%. “Existe uma falta de cuidado, é o que percebemos em todos os hospitais do Brasil”, assegurou.
Para Henrique, gestores públicos têm intenção de fazer boa ação, mas essas atitudes acabam sendo equivocadas. “Temos médicos em número suficiente, mas para que eles possam fazer o trabalho é preciso que se criem condições dignas. Chegou a hora de se tomar medidas para que se reformule o sistema da saúde. É preciso repensar o Brasil, pois o povo cansou de promessas”, ressaltou.
Validação do diploma
De acordo com Henrique Batista, para que esses profissionais estrangeiros possam realizar atendimentos na área, é preciso que se cumpram normas técnicas e legais existentes. “Nós estamos preocupados com essa medida sem, de fato, a devida validação do diploma. Se não for assim, estaremos recorrendo a um grave erro e desvalorizando o médico brasileiro, além de ferir a Constituição brasileira que diz que é preciso ter a validação desse diploma”, garantiu.
Por Bruno Almeida